da saudade
46.
a casa
monumento à nossa
intimidade maior
supremacia dos ambientes sadios
nomeio:
cruzes, luzes,
seduzes
sombras, lombas,
tombas
cactos, gatos,
tactos,
momentos, movimentos,
lentos,
lentes, quentes,
entes,
odores, cores,
amores,
45.
As saudades são às vezes tantas, que não quero escrever sobre elas.
psst!
44.
no 100º andar da nossa imaginaçãotemos construido a casaem breve teremos uma no 6ºe penso que um dia destes teremos uma térrea com quintalonde poderemos esconder ovos na páscoa
43.
não consegui guardar
o teu sono
nas palmas da minha mão
ou então cheguei
tarde
espero chegar mais cedo
na próxima vez
moods 1. [e]
e chama-se expectativa e vivo
com ela a apertar-me e desejo-te a ti
e o objectivo continua o mesmo:
"uma grande janela;
a estante com os livros;
a parede com as fotografias de família;
o tapete na sala para nos sentarmos no chão;
e talvez um dia te compre um piano."
Só não sei ainda onde,
mas talvez abdique de uma coisa e disponho-me
a trocar a grande janela
pela janela dos teus olhos
e depois pouco mais importa.
re: moods 1.
uma grande janela;
a estante com os livros;
a parede com as fotografias de família;
o tapete na sala para nos sentarmos no chão;
e talvez um dia te compre um piano.
42.
a tua cabeça no meu peito?
sim. e eu ficaria enlaçando-te com um braço
ajeitando-te primeiro os cabelos desalinhados
passando a seguir a afagar-te os teus olhos fechados
com a mão que sobra
a dimensão do que gosto de ti, se fosse medível, seria isso mesmo
a amplitude dos meus braços para te abraçar mesmo nestes dias
da saudade
41.
O processo é
procurá-los na epiderme
os teus sinais, digo-te,
um dia saberei nomeá-los
a todos.
40.
pedir-te-ia que pusesses as tuas dores nas minhas mãos em concha.
"- não cabem aí todas" dirias ainda antes de começarem a jorrar."- não te preocupes" diria eu, esperando que elas se entornassem no chão, penetrassem a terra e se transformassem em mais raízes.
tuas.no final, dirias que "ainda tenho dores" e eu responderia "nunca te disse o contrário, afinal só pariste as que já acabaram o seu periodo de gestação".e continuariamos.
39.
Chego cansado ao pé de tiao primeiro abraço dou o segundo sorrisoo primeiro foi para ti também, quando se abriu a portadepois descanso, volto a ter tacto na ponta dos dedos e em todas as outras pontas do meu corpo
38.
Pego numa expressão tua e torno-a nossa.
Será a primeira coisa que torno assim nossa, verbalizado.
CAVERNA=Local onde quero estar contigo.
Já temos uma.
37.
ontem tentou-se o verbo
como se tentassemos explicar
- afinal como se segura a água com palavras?
tentou-se
na sua essência
é tão estranho como simples
é algo que se sente e escorre
35.
a noite passada sonhei contigo
Sei-o porque o sinto no corpo
não todo mas em partes
naquelas onde se sentem essas coisas
e outras
a noite passada sonhei contigo
e hoje durante o dia falei contigo mecânicamente
ouvia-te como se estivesses a meu lado
- juro-te que te senti ali
como se te pudesse tocar
deve ser isto a saudade.
34.
um dia
outro dia
e sempre o dia a seguir
33.
uma volta por dentro
do meu corpo - podes ficar quando quiseres,
e verás coisas que te serão familiares
pois há muito de ti aqui dentro.
32.
Ao ler-te suspirei.
e o suspiro foi tão fundo que
poderiamos colocar lágrimas duras
e moles dentro dele e outras coisas também.
De uma 3ª ou 4ª geração vindoira dir-se-ia um dia:
"Ouviste? as lágrimas bateram finalmente no fundo do seu suspiro."
Já eu tiria morrido descansado
havia muito.
31.
As tuas lágrimas durasnão me pesam nem perfuram as mãos
30.
estou de ti de estares dentro de mimnão é cheio, nem completoé estar de ti repletoenumero:incisãoentalhereflexoalcance
29.
Sensações provocadas-sentidas
a mão percorre
um caminho de tremoresos olhosabrem-se simultaneamentea meio de um beijono concupiscente silêncio, de gemidos mudos, cortado por respirações que se recompõem, uma estranha linha é traçada entre os dois corpos, permutando algo que não tem cor, cheiro, som ou tactoRecomeça com um sorriso – mútuo,num beijo mais intensosensações provocadas-sentidasa mão, perdida
os olhos além
28.
os dias sim, são plenos e por vezes planose os cheiros vejo-os quando cheiro o que resta de ti nas viagensfrias de ida - ida sim, já o sabiae digo-o agora sem confusões, que é certoo pouco que resta de ti nas viagensé muito quando me sento a olhar esse cheiros e outras coisas tuascom 450 km do homem pelo meioo orvalhoo cháas camisolas quentinhas as manhãs frescasas folhasas imagensos dias plenosos cheiros enumero assim sem verbos
27.
aqueces-me?
tive frio na viagem
confundo regressos e idas
26.
adormeçoaconchegas-te dentro de mimonde repousas também e adormeces
25. (continuação de 24 + RE: a 4.)
A pele é isso mesmo, a pele, e por baixo dos remendos há carne e o que vejo não está latente, epidérmico, mas dentro da carne e faz correr o sangue dentro dela envelhecendo-a e mantendo-a viva. Na pele sente-se e ficam as marcas e o abstracto e as outras dores que não ficam marcadas na pele são as que mais doem, engrossam o sangue e trazem muitas vezes as dores nos ossos que tem a carne agarrada.
Disse e repito-o com a mesma convicção, toco-te as peles com a mesma convicção com que te chego às carnes e a ti toda.
24.
Irrepreensível e perfeita não serás
Usas bocados de pele por rematar e
Não penso usar-te para voar
Estou bem contigo
E tenciono ficar por lá
Gifts 5.
Torvill & Dean. Bolero
imaginemos então que à volta do lago gelado, não são copas de árvores que vemos, mas um público expectante. que não é o vento a roçar a floresta que ouvimos, mas aplausos. que um compositor compôs algo quase perfeito e que os teus olhos se enchem de água ao ver as imagens.
re: é assim mesmo. da saudade.